terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Despretensiosamente





Entre dúvidas e acertos
Flutua uma liberdade que se mostra tentadora
Onde tudo se torna complexo
Quando se vê no reflexo uma paixão arrebatadora

O gosto e os gestos confundem valores
Ideal se esvai na fumaça que se expande
Se faz vã a luta dos sonhadores
Que fazem do vidro, diamante

Com cuidado e com afeto
Invisível laço encoberta a razão
O incerto está sempre perto
Mas já não encontra proteção

Tudo que busca, tudo que espera
Tudo que pesa, tudo o que dói
É sentimento, é quimera
É contradição... arrebenta e constrói

Ela sabe, mas ri com os olhos
E pretensiosa, mente
Não espera, nem se desespera
Amando tudo o que dói, despretensiosamente.




sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Armas químicas e poemas





Olhos fechados, mistura de aromas e cores
Sensações desencontradas atraindo-se de modo muito singular.
Pluraridade de encaixes, perfeitamente ajustados à cada detalhe.
Conversas paralelas, pensamentos convergentes...
Transbordando de planos e hormônios próprios da idade.
Sem expectativas. Não foi feito pra dar certo.
Tanta sintonia. Ela lê no acaso o que ele vive de perto.
Sensibilidade para enxergar as coisas simples da vida
Encontro de almas (inclusive)
É uma arma de destruição em massa o amor
Mas ele lembrou: Não foi feito pra dar certo
E ela se calou. Decidiu sorrir pro seu futuro incerto.



quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Os ursos, as estrelas e o mistério da pluraridade do ser





Olhou para o céu e para o relógio. Fechou os olhos e respirou fundo aquele ar de quase noite. Lembrou de uma música que dizia qualquer coisa como "você às seis e trinta..." Sorriu. A lua já aparecia no céu.. Mas cadê as estrelas? Era delas que estava à procura hoje.
Era ainda uma menina sem muita experiência mas gostava muito de pensar nas coisas, principalmente nas sem sentido. Sempre achou graça daquelas pessoas que batiam no peito dizendo ter personalidade ou opinião formada pra tudo. Não sabia como conviver com elas. A única coisa que batia em seu peito não dependia da sua vontade, e ela nunca tinha certeza de nada...
Pensou nos ursos polares que precisam se confundir com a neve para sobreviver e para isso tentam a qualquer custo camuflar os seus fucinhos negros... O homem também é assim. Como pode dizer que tem uma personalidade?
Não, não é aquilo de "tentar sempre se encaixar nos padrões", é coisa de dentro mesmo, de essência. Não mostramos o que somos porque realmente não o sabemos.
Talvez pela mudança que é constante e de lei... Pelas RPM (ou revoluções por minuto) mas somos apenas uma imagem imperfeita de nós mesmos.
 Nos mostramos através de rótulos e nos comportamos de diferentes maneiras quando submetidos a um meio: na família somos filhos, na escola alunos, com os amigos o palhaço, o sério, o antipático... Representamo-nos o tempo inteiro e nem sabemos ao certo o que isso significa, ou onde isso vai nos levar.
"E como confiar em alguém se não sei nem quem eu sou?"
Levantou uma das sobrancelhas. As vezes se odiava por pensar tanto.
Suspirou. Prezava muito valores como sinceridade, transparência e desejou do fundo da alma entender esse mistério.
Ficou ainda alguns segundos com os olhos fechados, refletindo... Mas terminou por se convencer isso que isso tudo não era falta de transparência ou sinceridade
Os papéis que representamos são todos partes de nós, somos vários e somos tudo o tempo todo. Somos resquísios de nós mesmos em metamorfose ambulante, como dizia Raul.
Se não conseguimos fazer explodir pra fora dos contornos do nosso ser a nossa verdadeira essência, se somos metade realidade e metade ilusão de ótica, isso não é um mal (ou bem) exclusivo do bicho-homem. Lembrou-se então dos ursos polares...
Abriu os olhos e contemplou de novo o céu. Dessa vez conseguiu enxergar as estrelas...
"Até o céu se mostra sob um véu de ilusão: umas estrelas estão tão longe que, quando chega a luz aqui, elas já nem existem."
E sorriu de novo. É, nem o céu é completamente verdadeiro.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Arriscar

Não apenas uma vez tentei em vão cessar uma dúvida:
O que diferencia uma escolha certa de uma escolha errada? E ainda, qual o parâmetro para tal julgamento?

Talvez o ideal fosse que tivéssemos várias vidas, como no vídeo game... Aliás, acho que só duas tava bom. Daí a primeira seria um espécie de teste e na segunda, quando porventura insistíssemos em tomar as mesmas decisões que não deram muito certo na vida anterior, um alarme ensurdecedor tocaria no nosso ouvido, fazendo com que as ondas se propagassem por todo o corpo anestesiando-nos e impedindo-nos de continuar no erro.

Ou então, quem sabe o ideal mesmo fosse que cada dúvida de nossa vida se materializasse em duas estradas paralelas e que levassem a caminhos antagônicos, e que toda vez em que nos encontrássemos diante delas o nosso corpo se dividisse também em dois e que cada um pudesse seguir por um dos caminhos.
Assim, ultrapassando este momento de dúvida, quando a estrada finalmente se convergisse novamente em uma só, os dois corpos se encontrariam e decidiriam qual o caminho, qual a decisão foi a correta.
Seria perfeito não?

Não, não seria. Não só pelos absurdos dessas metáforas... Mas já pensaram se os corpos ao fim da “estrada da dúvida” não quisessem voltar a ser um só? E se eles quisessem, digamos assim, declarar sua independência? É, isso também parece absurdo.

No entanto, não pareceria (tão) absurdo se ao passarem por essa dupla estrada e chegassem ao momento de julgar suas experiências, cada um dos corpos decidisse que a sua foi a mais correta, a mais benéfica, a melhor escolha... Ou que os dois achassem que sua experiência foi a pior, a mais dolorosa e quisessem refazer o percurso, sendo que cada uma na estrada oposta...







E é aí que voltamos ao ponto de partida: qual o parâmetro para julgar uma escolha?

Milan Kundera escreveu extraordinariamente sobre isso em sua obra “A insustentável leveza do ser” no trecho que diz:

“ (...) Torturava-se com recriminações, mas terminou por se persuadir de que no fundo era normal que não soubesse o que queria:
Nunca se pode saber o que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores. (...)
Não existe meio de verificar qual a decisão acertada pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem comparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado (...) einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Poder viver uma vida é como não viver nunca.”

Diante desse pensamento e de convicções que tinha mesmo antes de ler sobre isso, defendo que a palavra escolha não pode ser suscetível de adjetivações ou divisões oscilantes de certo e errado.
Não acredito na existência de escolhas certas ou erradas, mas sim do caminho que você decide percorrer e as conseqüências que isso vai gerar para você e para tudo que está a sua volta. É a tal da Lei da Causa e Efeito.
Mas viver uma vez não é viver nunca. Disso peço licença a Kundera para discordar...

Penso que viver uma vez é ter a chance de tentar fazer, na medida de nossas limitações particulares, sempre o melhor que se pode. Se tivéssemos realmente a certeza de que vivemos uma outra vida e a consciência de tudo o que passamos nela, haveriam tantas lembranças e experiências gravadas na nossa mente que nos seria negado um dos maiores prazeres de nossa breve existência, que é poder de arriscar.





Há quem discorde, mas arriscar é necessário. Mergulhar no abismo do desconhecido tem sim seus riscos (e admito que são muitos) mas esse perigo também traz emoção, liberdade, e por que não, realização?
A magia que existe no desconhecido só é camuflada por causa da hipótese do erro, que possui por essência uma beleza que pode ser comparada à de uma pedra preciosa, daquelas que precisam ser lapidadas, mas que com paciência e percepção pode ser enxergada. E como eu já disse que aqui, acredito que o erro é meramente uma ilusão de ótica. Temos que ter em mente que as vezes um caminho tortuoso pode levar ao mais perfeito paraíso.

E olha, pra mim é esse o grande motivo pra que mesmo que tenhamos vivido mil vidas, e ainda que possamos viver mais mil, isso é retirado de nossa memória: para que sempre pensemos que estamos vivendo a primeira e única vida; para que não percamos a capacidade arriscar; para que possamos aprender não apenas através dos clichês dos “erros e acertos”, mas sim através de nossa sensibilidade; para que percebamos que o mais importante não é o caminho que se percorre, mas o porquê se percorre; para que continuemos mergulhando pela esperança de decifrar o desconhecido.. ou talvez apenas pelo prazer de mergulhar!





“ Um século, três,
se as vidas atrás
são parte de nós.

E como será? "




quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sinestesia

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Sinto um aroma que há muito não sentia...
São lembranças desenrolando-se em fios infinitos, que se entrelaçam para alcançar os restos da luz minguante da lua que aos poucos se esvai, abrindo-se em um novo amanhecer...
Desta vez são os fios do Sol que se desenrolam no ar, como um quadro inacabável de cores inimaginadas, anunciando a imortal esperança que teima em voar por entre as flores do jardim de minha alma.

Sinto um calor que á muito não sentia...
São lembranças irrelevantes nascidas pura e simplesmente da tranqüilidade que a ilusão do amor me traz...
Por um minuto posso esquecer que o ardor que me desnorteia já não cabe mais no lado esquerdo, e que o silêncio que queima não aquece nenhum lugar.

Sinto cores que há muito não sentia...
São lembranças do amanhã que a fragilidade do instinto atrai... São borboletas a desviar um suave caminho para qualquer estrada que leva ao mar...
Olho seus velhos sinais no que deslizam por entre meus dedos e que se confundem com a claridade das asas que brotam bem do meio de sua coluna vertebral.

Sinto um pesar que há muito não sentia...
São lembranças de poucos dias percorridos ou daquelas vidas passadas que a memória se encarregou de arrancar de mim...
O toque que se metamorfoseia em imensuráveis sensações, que desencadeiam uma alegria insana e desmedida com sabor de deja vú.

Sinto o aroma, o calor, as cores e um profundo pesar...
Quem sou? Quantas fui? Com quem estarei?
São apenas as mais ínfimas partículas de dúvida e outros medos, ou quem sabe as mais puras angústias metafísicas...

E assim os destinos seguem...
Diametralmente opostos, Longe, e do mesmo lado... De modo que não se aproximam e nem se afastam mais, vivendo assim uma espécie de eterno início...
Uma linda e surreal sinestesia que contraria qualquer lógica. Um perfeito paradoxo que se vê coexistindo não apesar de suas diferenças, mas principalmente por cauda delas.
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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Como dizia o poeta..


Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...

Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...

Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...

Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...

Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...

Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...

Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...

Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...

Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...
(grande) Renato Russo
...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O último.


Pode ser mesmo do instinto humano essa coisa de buscar... Somos contemporâneos de uma época em que a vida parece correr a mil por hora, em que cada minuto que passa é decisivo e longe demais do presente e cada segundo um terremoto emocional.
Talvez por isso eu carregue sempre essa impressão de estar perdendo algo do que está em minha volta... Afinal, quem me conhece sabe o quanto algumas coisas ditas importantes passam despercebidas pelos meus olhos; e por mais incoerente que possa parecer, e menos notável que poderia ser, às vezes eu me surpreendo por enxergar coisas microscópicas de tão banais e dar sentido a elas...
Ontem mesmo eu tava olhando umas fotos e encontrei essa daí que tá acima do texto...
Por alguma razão essa imagem envolveu a minha mente por longos segundos... De repente, um sopro inconsciente e uma pergunta, vinda de algum lugar de dentro de mim: "Será que comigo vai ser assim?"
Ando meio preocupada com esse meu romantismo exagerado, viu. Só tenho dezenove anos... Pra quê deixar o pensamento vagar por terrenos tão distantes se o amanhã é tão incerto?
O bom seria se tivéssemos de fato o domínio das nossas emoções. Se fosse assim, não gastaríamos tanta alma por aí.
Mas são exatamente as emoções, que com seus milhares de fios imaginários nos conectam misteriosamente à momentos como esse que eu descrevi à pouco...
Foi tão rápida e despretensiosamente, mal percebi que eu estava olhando pra velhinha da foto e me reconhecendo tanto... Nos seus olhinhos apertados, no seu rosto tão cheio de marcas, no seu quase sorriso evergonhado... Vi roupas e lembranças estendidas no quintal da minha casa numa cidade com mar e me senti protegida envolta num abraço alegre e caloroso...
Não sei se foram segundos, minutos ou horas que passei envolvida nessa ilusão mas olha que discrepância, imaginei minha possível vida daqui a cinquenta anos e não tenho a menor ideia de como será a minha vida quando amanhã eu acordar.
É, o mundo não é mesmo fácil para os sonhadores... Cercados de pessoas cada vez mais avulsas, escravas de vontades corriqueiras e sentimentos discartáveis.
Pode ser loucura e é possível que seja, mas ainda assim me permito sonhar. Poque só assim me sinto livre pra procurar, cair, querer, cansar, e quem sabe um dia encontrar...
Pode ser loucura e é provável que seja, agradeço a Rodrigo Amarante, por me lembrar que eu não tô sozinha nessa!



*









" Tanto clichê deve não ser
Você falou pra eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor.. "
*

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Para alguém com uma flor

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Dê-me a mão. Não me peça nada em troca. Me beija na testa. Não me teste... Não seja arrogante. Não seja desleal. Ignore minhas loucuras às vezes. Me surpreenda sempre. Me faz cafuné. Me abraça forte, como se precisássemos nos tornar um só. Vamos deitar no chão da varanda da minha casa ou da sua e olhar as estrelas, enquanto o mundo explode lá fora... Eu sei que você vai rir da minha distração, da minha falta de jeito com coisas delicadas e dos meus tropeços. Ri comigo? Não diga meias verdades. Afinal meias verdades são meias mentiras não é mesmo? Seja transparente. Mas não previsível. Canta pra mim qualquer canção de amor. Me pega no colo na frente dos outros. Isso... Me mata de vergonha um pouquinho, eu deixo. Aí você deixa eu ouvir o som da sua respiração. E seguir as batidas do seu coração. Cometa alguns erros. Não seja perfeito. Tenha alguns vícios. Mas que eles nunca superem o seu caráter. Nunca ganhei flores. Me dá uma flor? Vermelha não, branca! E que não seja em um dia especial. Não me cobre leveza. Sou intensa mesmo.Não me cobre certezas, toda mulher é confusa e você já deveria saber. Ei, me dá beijinho de esquimó? Às vezes é tão legal ser brega... Pode achar graça dos meus atropelos e também da minha mania de desviar o olhar. Eu sei que você sabe que é timidez. E eu sei que você sabe que é só com você... Tenha amigos. Tenha vida própria. Goste de crianças... Ah, e por favor não me faça promessas. Não quero promessas. Quero amor. Muito amor, do jeito que eu sempre sonhei que existia.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Onde quer que eu voe...


O sol se encontrava com o horizonte no poente e no céu duas aves trançavam em espirais imensas, sempre uma longe da outra.
Pensei: Deve ser um casal. Mas o que chamava a atenção não era tão somente a distância, mas sim a confiança de uma na outra...
Continuei minha viagem. Agora, olhava a estrada se movimentando tão rápido e me peguei sentindo imensas saudades e uma insegurança que até então eu nunca tivera.
O que me faltava? Asas? Liberdade? Não, tinha tudo! E eu velava as lágrimas inoportunas.
Sequei-as tão breve quanto elas caíram. O pranto vai atrapalhar este enigma que me vai na alma! - pensava eu.
Passou-se algum tempo, soube então, que havia razões naquelas saudades.
Continuo vendo aves no céu, a voltear. Seriam as mesmas que vi há três anos?
Não importa, hoje sei que o importante não é somente voar junto...
E sim saber que sempre, sempre haverão aves no céu.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Infungíveis

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Infungível: qualidade que se aplica aos bens móveis que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Logo, todo bem móvel único é infungível, assim como todo bem imóvel.
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Não sei se esse adjetivo pode ser usado para pessoas ou coisas abstratas, mas é certo que existem algumas coisas na vida realmente insubstituíveis.
Nós seres humanos somos impares e isso todo mundo já ta cansado de saber, mas eu só queria dizer eu sempre me surpreendo com isso... São infinitas as pessoas que cruzam as linhas tortas da nossa vida e mais infinitas ainda as personalidades de cada uma dessas.
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Será que é por isso que é tão difícil conhecer realmente alguém?
Você pode “conhecer” alguém da vida toda mas pode ter certeza que você vai sempre estar aprendendo e se surpreendendo com ela e ela com você.
E deve ser esse o charme e a beleza da convivência, saber se ajustar a quem está do seu lado, saber ceder, entender que não é só você que tem mudanças repentinas de humor e TPM.
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Ta certo que isso não é fácil e que a gente se pergunta: As pessoas realmente merecem isso tudo?
Não sei se sou muito otimista mas pra mim vale o esforço o esforço se for pra manter o que te faz bem por perto. Vou repetir: se for pra manter o que te faz BEM por perto.
A razão disso? Simplesmente porque as pessoas realmente são muito importantes. Elas fazem parte de você.
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Olha pro seu espelho, você se parece ao menos um pouco com seus pais.
Olha pra sua vida, você é o reflexo das suas experiências e também daquilo que você aprendeu com o próximo.
É engraçado até, mas mesmo que inconscientemente você vai carregando hábitos e valores de outras pessoas (principalmente de quem você admira) para se tornar o que você é.

Não é que sejamos simples cópias, o que eu quero dizer é que assim como os diamantes, nós pessoas temos mil faces, que são lapidadas constantemente com a ajuda de quem está do seu lado e claro, com a ajuda do famoso senhor de quase todas as coisas: o tempo.
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E assim como não existem dois diamantes e nem duas pessoas iguais, cada um de nós carrega em dentro de si histórias próprias e singulares, e eu acredito que estes sim sejam os nossos verdadeiros bens infungíveis.
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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Dia (im)produtivo


"Às vezes penso que nasci ao contrário.
Sabe, saí da minha mãe de maneira errada.
Eu ouço palavras passarem por mim ao contrário.
As pessoas que eu deveria amar, eu odeio.
E as pessoas que eu odeio..."
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(Alice no país das maravilhas)
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Hoje foi meio estressante. Sabe quando algumas coisas teimam em não dar certo? E pior, quando são coisas tão simples e insignificantes que dá até vergonha de reclamar, mas que tiram o sossego. Hoje eu deveria estudar. Muito. Mas meu o pensamento tava num lugar tão longe que dá preguiça até de procurar o sentido de tudo que eu pensei. Tanta coisa que me veio à cabeça. Passado, futuro e até coisas que nem aocnteceram cercando a minha mente. Pode isso? Lembrei do meu Ensino Médio, no alto dos meus 16 anos. Aquela escola realmente marcou a minha vida de muitas maneiras. Era um dia comum. Preocupação zero, bagunça rotineira, professora Domingas atrasada... Opa, ela chega. Diz que vai passar um vídeo. Ninguém dá muita atenção. Dia comum mesmo. Todos pra sala de vídeo. Todos na bagunça de sempre. Sono. Nunca gostei de acordar cedo, fato. Começa o vídeo. Era tipo uma coisa de auto-ajuda. Coitada da professora, certeza que aquilo era mais pra ela do que pra gente. Mas uma coisa que o cara falou me chamou muito a atenção e hoje não sei porquê isso saltou da minha memória. Dizia o homem do tal vídeo que nós seres humanos temos certas prioridades na vida que podem ser dividas em necessárias, importantes e coisas supérfluas. Ele não disse "coisas" mas é, vocês tão entendendo. E disse ele que deveríamos nos focar nos nossos objetivos usando exatamente essa ordem de prioridades, mas que na verdade quase sempre fazíamos tudo ao contrário. Colocávamos em primeiro plano coisas inúteis/supérfluas, logo depois pensávamos nas coisas importantes e por último fazíamos o que poderia ser chamado realmente de necessário. E eu já sei porque eu pensei tanto nisso hoje. Esses dias criei um twitter, nesse exato momento tou postando nesse blog (e pasmem, eu não escrevi primeiro, tou digitando direto mesmo). Tudo isso enquanto na verdade eu deveria estar numa dieta à base de livros (de preferência Constitucional e Civil). É meu caro, parece que é verdade mesmo essa teoria. Estamos sempre colocando os pés pelas mãos. E confundindo-nos sobre nossas verdadeiras prioridades. Mas afinal, o que é uma prioridade? Depende do ponto de vista não é? E sem contar que é completamente inconstante. Posso ter prioridades hoje que serão insignificantes pra mim daqui há algum tempo. Outra pergunta: quando uma coisa supérflua passa a se tornar uma prioridade/necessidade? É que eu acho que isso tá acontecendo comigo. De novo. E sem razão alguma. Odeio isso. Cara, eu odeio ser previsível. Mas ta acontecendo, tou pensando demais em algo que nem sentido tem. É um esforço só meu e que não vai dar em nada. Droga, não sou só eu a previsível da história né? Também não gosto disso. Tá complicado pra entender né? Pra mim também. Mas não era pra ser esclarecedor mesmo. Eu só precisava colocar isso aqui. Pra pelo menos assim sentir que sei lá, o dia não foi de todo improdutivo hehe. Poisé. Mas algumas prioridades vão ter que reinar por alguns dias. Então se eu sumir, já sabem.

sábado, 26 de setembro de 2009

Espelho

" Contra toda expectativa, contra qualquer ilusão, há um ponto de partida, há um ponto de união: sentir com inteligência, pensar com emoção!"
(H. Gessinger)




Não se trata de egoísmo mas temos que pensar mais em nós mesmos. Não vale a pena fazer o melhor para quem está ao seu lado, se você não está feliz com isso. É preciso saber equilibrar a solidariedade para que ela não seja um ato contra si próprio. Falo isso da boca pra fora, pois eu sei que quando gostamos de verdade, quando nos importamos de verdade, não medimos esforços para fazer o melhor, para ajudar até no impossivel. É eu sei, eu sei, mas esse tipo de afeto cego acredito eu que não seja de todo bom para conosco. Há um linha tênue entre a pessoa justa e a pessoa burra e é por isso que refletir sobre o que nos faz bem é sempre válido. Estou lutando incessantemente para aprender isso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Estúpidas ilhas

"... mas agora lá fora todo mundo é uma ilha,
a milhas e milhas e milhas de qualquer lugar..."
(H. Gessinger)



Há muito me perguntos obre o porquê das pessoas serem tão egoístas, até consigo mesmas. Muitas vezes não tem capacidade nem para perceber e lutar por por aquilo que chamam de felicidade. O que parece é que estamos presos numa ilha cercada não por água, mas por falta de humanidade para com o próximo; ou então que existe uma espécie de bolha imaginária e impenetrável que impede a construção de relações por inteiro.
Não falo somente de relacionamentos amororos, e nem quero cair no clichê da generalização mas é impossivel não enxergar a incredulidade das pessoas quando se trata do amor em qualquer um dos seus sentidos.
Não estou negando aqui a existência das relações verdadeiras. Sim gente, elas existem e eu tenho bons exemplos disso, mas não é uma ironia que estas sejam excessões à regra? Não sei se por desinteresse, medo, dúvida, falta de afeto ou de sensibilidade mesmo, mas o que se nota é que há pouco espaço nessa loucura em que vivemos para as coisas realmente importantes. Contemplar o sorriso de uma criança, acordar para ver o sol nascer, abraçar a quem se ama, perdoar sem esperar nada em troca...
Tenho medo de que eu é quem esteja errada nessa história de dar importância às pessoas, em tentar sempre me convencer de que todas as pessoas dão valor ao que eu sinto em relação a elas. Tenho medo de um dia me decepcionar de tal maneira que eu saia do grupo de exceção e entre de uma vez na bolha do egoísmo.
Todas as ilhas estão contra mim, às vezes faltam-me forças, mas vou seguindo em frente... Me apego a cada amanhecer, buscando no equilíbrio das coisas inexplicáveis o impulso para acreditar. O impulso para continuar a ver beleza em sorrisos, sóis nascentes, abraços apertados e sobretudo no perdão.
Quero nunca deixar de acreditar na pureza de tudo aquilo que se mostrar verdadeiro.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Algumas explicações - ou não

Sempre fui tranquila. Sempre quis ser grande e já quis ser de tudo. Hoje sou um projeto de advogada. Não cresci muito, não sou muito alta, mas penso grande. Choro, rio e falo sozinha. Era feliz, sou feliz. Acreditava e desacreditava. Acredito e desacredito. Peço desculpas quando tenho que pedir, mas não sei gostar forçado. Acho que não sei bem escolher de quem gostar ou não. Pra mim todo mundo tem o coração bom até que provem o contrário. Errei um dia. Continuo errando. Amo do meu jeito que eu sei que não é o melhor jeito. Mas uando amo é verdadeiro. Não suporto a falsidade das pessoas. Suporto algumas mentiras. Tenho caixinha de recordações de amigos e de amores. Acredito em almas-gêmeas, mas não acredito mais que elas devam ficar juntas só por que são gêmeas. Durmo muito, não demoro pra dormir. Vivo sonhando acordada. Sou ciumenta. Não bebo, não fumo, não uso drogas. Nunca usei. Sou esquecida, mas quem deve ser lembrado eu lembro. Escrevo. Amo ler. Tenho um cachorro maluco, que adora fingir que morder você. Amo minha família como ela é. Sem mais nem menos. Gosto de dançar, mas fico com vergonha na frente dos outros. Acredito na felicidade. Já dormi de tanto chorar. Já passei noites em claro chorando. Mas já virei noites com os amigos também. Esqueço nomes. Imagino coisas impossíveis. Imagino o dia do meu casamento. Ouço um bilhão de vezes a mesma música. Tenho uma tatuagem. Amo pintar as unhas de vermelho. Não guardo rancor por muito tempo. Só quero boas energias ao meu redor. Amo meus amigos. Muito. Às vezes quero fugir pra bem longe. De tudo e de todos. Mas não sei pra onde ir. Na verdade, sei. Tenho saudades da minha infância. Fico de pijama o dia inteiro. Sou preguiçosa, indecisa, mas independente. Sei ser mais de uma pessoa. No momento estou confusa. Acredito que tem alguém certo esperando por mim, acredito em amores eternos e quero um amor eterno. Acredito num tipo de amor puro e verdadeiro, mas não acredito que todos o tenham.


Eu tenho.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Constitucional

Platão é considerado um dos filósofos mais influente de todos os tempos. Autor de uma enorme quantidade de obras filosófica preocupa-se com o conhecimento das verdades essenciais que determinam à realidade e a partir disso estabelece princípios éticos que norteiam o mundo social da Grécia antiga. Suas principais obras são: Apologia de Sócrates, Fedro, O Banquete, Fédon, Teeteto e outros.

O primeiro livro da obra “A República” é dedicado à discussão sobre o conceito de justiça no qual um longo debate é travado entre Sócrates e seus amigos abordam tal assunto, de formas antagônicas.

Sinônides, um dos filósofos que compõem a discussão, propõe a idéia de que a justiça consiste em dar a cada qual o que lhe é devido, enquanto Transímaco também presente do diálogo, defende que a justiça nada mais é do que a prevalência do interesse do mais forte, ao que Sórates refuta com veemência, pois acredita que para a existência de uma sociedade ideal não é possível que haja injustiça contra o seu semelhante.

Este tema abordado por Platão é bastante complexo devido aos fatores externos pelos quais sofre influência, como os fatores psicológicos, sociais e culturais. O justo para mim pode não condizer em nada com o que o próximo considera como tal; as decisões tomadas pó um grupo social podem não estar de acordo com os princípios norteadores de outro agrupamento; os valores seguidos por toda uma nação podem ser considerados injustos e absurdos por outra e assim por diante.

Apesar de tanta controvérsia é inegável, porém, a relação estreita que há entre justiça e Direito. Para ilustrar tal afirmação podemos citar Rudolf Von Ihering quando este diz que “a justiça sustenta numa das mãos a balança que pesa o direito, e na outra, a espada de que se serve para defender. A espada sem a balança é a força brutal, a balança sem a espada é a impotência do direito.”

Duas guerras mundiais, inúmeras guerras civis, frações de humanidade dizimadas... O que vimos através dos séculos que nem sempre a justiça andou de mãos dadas com o Direito. Pelo contrário, por muitas vezes estiveram em posições opostas, sendo o Direito um instrumento legitimador da injustiça e do caos, este raciocínio nos faz voltar ao conceito de Trasímaco de justiça.

No entanto, assim como Sócrates produziu a obra aqui discutida abordando a idealização de uma sociedade perfeita, o Direito encontra suas bases no mundo do dever-ser.
Sendo assim, a justiça deve ser vislumbrada não como um meio para os poderosos justificarem atitudes ilícitas, mas sim como sendo a medida da qual se serve o Direito para chegar ao seu objetivo imediato: o bem comum. Este por sua vez só pode ser conseguido através do respeito mútuo entre os seres humanos, como bem disse Sócrates; que devem usar, a exemplo de Von Ihering, da espada para defender o que lhe é justo e da balança para julgar com equilíbrio, isonomia e imparcialidade.



Preciso ganhar pelo menos 1 ponto com isso. :x

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O outro lado


Ele tem um beijo que alterna entre o calmo e o intenso,
Ela tem olhos que parecem com o seu beijo
e cílios que se beijam quando se tocam.
Ambos trazem consigo a força arrebatadora do querer
e a calma dos vencedores corriqueiros...
Rostos sem marcas e sem promessas,
limpos das dores do mundo
mesmo que apenas por um segundo.
Aconchego, carinho, fascínio e um violão...
E Deus mais uma vez escrevendo torto
só pra combinar com a pureza do seu sorriso
lindo e torto, como ele próprio.
Dois mundos, muitas dúvidas
E um céu aberto.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A praia e o velhinho

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"O comportamento humano é determinado por causas que, ás vezes, escapam ao próprio entendimento e controle da pessoa. Essas causas são necessidades ou motivos, forças inconscientes que levam a pessoa a determinado comportamento."


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Aprendi isso hoje estudando Teoria Geral da Administração, que diz também que essas necessidades são dividas em três tipos que vão surgindo de acordo com o amadurecimento do indivíduo. São essas necessidades as fisiológicas como comer, dormir, se reproduzir, se proteger dos perigos; as psicológicas que são próprias do ser humano como, por exemplo, a busca pelo afeto do próximo e pela autoafirmação ou o fato de querer ser aceito pelo grupo no qual convive, que vão surgindo já quando o ser humano alcança um grau de maturidade e vão sendo percebidas e satisfeitas gradativamente. E o terceiro tipo que é considerado o corolário de todas as necessidades humanas: a necessidade de autorrealização. E diz Alberto Chiovenato, autor do livro, que são essas necessidades que impulsionam o homem a esta sempre estabelecendo metas crescentes e de forma inconsciente estar em contínuo desenvolvimento, na busca de algo que o satisfaça. Essas necessidades são raramente satisfeitas plenamente, pois o homem nunca se contenta com o que tem. Está sempre e sempre buscando incessantemente por coisas que lhe tirem do estado de esquilíbrio e o lançando em novos desafios.

Incrível né? Eu achei. E cara, mais incrível ainda é como esse último tipo de necessidade muda de repente. Algumas coisas perdem o valor em fração de segundos e outras ganham uma importância absurda (pelas razões mais estranhas do mundo) tão rápido quanto.
Há exatamente 10 dias eu poderia ter ouvido toda essa história do tal Chivenato, ao vivo e à cores. Mas admito, as praias baianas pareciam muito mais convidativas do que um velhinho meio careca e meio grisalho. Mas como a vida tem dessas coisas, cá estou eu hoje me matando de estudar pro concurso de domingo e torcendo pra que pelo menos caia alguma coisa sobre esse tema que eu tou até sacando um pouco, e não sobre as 359 formas de departamentalização. (quem dera!)
Mas enfim, de qualquer forma já me sinto recompensada. É bastante confortante ter uma tese comprovada sobre esse lance todo de precisar das coisas sem saber o porquê. Sei lá, de certa forma me senti aliviada por carregar esse buraco, essa constante incompletude na alma. E pra ser sincera, não me arrependo de ter trocado o velhindo pela praia. Definitivamente, Administração não é a minha praia.


domingo, 13 de setembro de 2009

A Tati é foda

"Não quero te odiar. Não quero falar mal de você pros outros. Pras minhas amigas. Quero falar mal de você como quem ama. Pois é, Carla, ele nunca lembra de desligar o celular antes de dormir e sempre alguém do trabalho liga. Sabe, eu quero dizer isso. Que o máximo de irritação que você me provoca é me acordar de manhã cedo falando bobagens que parecem ser importantes no celular. Não quero que você me largue. Não quero te largar. Não quero ter motivos pra ir embora, pra te deixar falando sozinho, pra bater o telefone na sua cara. É só que dessa vez eu queria muito que fosse diferente. Dessa vez, com você, eu queria que desse certo. Que eu não te largasse no altar. Que eu não te visse com outra. Que eu não tivesse raiva. Que você não passasse a comer de boca aberta.
Que você gostasse e cuidasse de mim como disse ontem à noite que cuidará. Eu quero que dê certo, não estraga, por favor. Não estraga não estraga não estraga. Posso pôr um post-it na sua carteira? Mesmo que a gente não fique juntos pra sempre. Mesmo que acabe semana que vem. Nunca destrua o meu carinho por você. Nunca esfrie o calorzinho que aparece dentro de mim quando você liga, sorri ou aparece no olho mágico da minha porta. Mesmo que você apareça na porta de outras mulheres depois de me deixar. Me deixe um dia, se quiser. Mas me deixe te amando. É só o que eu peço. "





Esse é dela e eu amo.

sábado, 12 de setembro de 2009

Onze dias hoje

Certas coisas nos inspiram profundamente. Incrível a capacidade de algumas musicas desencadearem sentimentos adormecidos, esgotados e egoisticamente inacabados. Sentimentos que se mostram tão profundos a ponto de confundirem o passado com o presente e estragarem tudo novamente.

Talvez seja a melodia, acordes de violão que fazem o cérebro formar imagens como num filme. Fazendo passar pela frente dos nossos olhos lembranças em sépia de um tempo em que as veias transbordavam de borboletas.

O jeito do seu cabelo e o seu nariz, o seu modo de me olhar... Daquele jeito, sabe? Como se através da minha pele enxergasse minha alma bem na sua frente.
Coisas como o sua risada no meu ouvido, e aquela sua mania de me beijar sorrindo, o jeito como entrelaçava seus dedos nos meus, me confundindo totalmente sobre qual parte do meu corpo pertencia realmente à mim...

Ou talvez sejam as letras, combinação perfeita de palavras que tentam em vão traduzir sentimentos imperfeitos, e que voam descontroladamente enchendo o céu da magia que não se encontra mais por aí.

E então vem você surgindo novamente.. Soberano. Puro. E pro meu desespero, tão ileso desses sentimentos que saem de cada um dos meus poros. Enquanto eu vejo a tua ausência simultaneamente entrando por todos eles. É tudo uma pequena parte, das coisas que mais me fazem falta.

Aí eu descubro que essa música é apenas uma maneira sutil de entupir o meu ser dos seus traços, dos seus abraços, do seu olhar e das suas manias.
Enquanto tudo o que eu realmente tenho é a sua ausência..






terça-feira, 1 de setembro de 2009

Porto seguro

" Um céu azul enfim
E onde o sol puder deitar
Que seja sobre mim
Eu vi você chegar só
E a gente vai poder apagar esses versos tão sérios... "
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Ninguém vive sozinho, já dizia um grande poeta... Será mesmo que o ser humano necessita de outros para ser completo? O que é que nos falta que buscamos sempre além de nós mesmos? Há controvérsias, mas acredito eu que ninguém consegue ser tão auto-suficiente a ponto de não sentir dor em ser solitário. Abraçar a si mesmo não aquece, conversar consigo mesmo não conforta, rir sozinho não nos faz mais felizes, sonhar sozinho é apenas sonhar sozinho. Sinto uma gratidão imensa todas as vezes em que fecho os olhos antes de dormir e, ao repensar sobre meu dia, lembro a mim mesma e a Ele que tenho grandes pessoas ao meu lado me apoiando em cada queda e me aplaudindo à cada vitória. Sinto uma alegria imensa todas as vezes em que abro os olhos ao acordar e vejo, ao nascer do dia, a esperança de novas histórias vindas ao meu encontro, ao ver as pessoas ao meu redor deixando um pouco de si em mim e carregando um pouco de mim com elas. O que seria de nós sem um semelhante em que pudéssemos depositar carinho, afeto e todas aquelas coisas que, de tão boas, tem que ser compartilhadas? Família, amigos, amores... Um pacto de paz com o mundo. É bom saber que onde quer que eu vá, levo em meu sorriso um pedaço de sentimento de cada um daqueles que fazem parte do meu mundo. Que são o meu mundo. O meu verdadeiro porto seguro...


domingo, 30 de agosto de 2009

Espertas listras lilás

“Gatinho de Cheshire”,
começou Alice, muito timidamente, e prosseguiu:
“Você poderia me dizer, qual o caminho para sair daqui?”
“Depende muito de onde você quer chegar”, disse o Gato.
“Não me importa muito onde...” foi dizendo Alice.
“Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá”, disse o Gato.
“...desde que eu chegue a algum lugar”, acrescentou Alice, explicando.
“Oh, esteja certa de que isso ocorrerá”, falou o Gato,
“desde que você caminhe o bastante.”


Atitudes e consequências. Ação e reação. Todas as nossas escolhas por menores que sejam serão como raízes que nos prenderão ao passado e como sementes que germinarão no futuro. Parece tão simples, não é? Mas incrivelmente, poucas são as vezes que paramos pra pensar que nossa vida é um reflexo do que escolhemos.
Culpamos o chefe explorador, o pai incompreensivo, o professor tirano, a vida injusta e até Deus pela nossa infelicidade. Um dia alguém me disse que a dor não vem do céu, mas sim das nossas próprias falhas. E é isso ai, não adianta passar a batata quente pra mão do vizinho. Você e somente você pode escolher se quer ser feliz mesmo tendo um chefe explorador, um pai incompreensivo, um professor tirano ou uma vida injusta.
Não estou aqui desprezando fatores externos que, com toda certeza, contribuem para o nosso estado de espírito. Não estou aqui desacreditando no destino, pelo contrário, acredito muito nessa força estranha que nos move. Mas essa força estranha nos move mas não nos governa, meus caros.
Somos nós que escolhemos o que fazer com o que a vida nos oferece. Mesmo que a indecisão seja um sentimento comum na nossa espécie, temos que ter em mente que se não soubermos pra onde e por onde caminharmos, se acharmos que qualquer lugar serve, e não nos acharmos capazes de ir além disso, de quebrar barreiras e vencer obstáculos, pode ser que cheguemos a algum lugar, o que definitivamente não quer dizer que seja um bom lugar.
É, não tem jeito... Só é feliz quem sabe o quer! Mesmo que você queria algo hoje e não queria mais amanhã, mesmo que você volte atrás em 99 de 100 de suas decisões... Afinal, não importa o caminho que você siga, desde que você tenha um foco. E quer um conselho? Lute. lute sempre! O que você quer pode estar bem à sua frente, e você pode conseguir. Mas é claro, assim como disse o Gatinho de Chershire: "desde que você caminhe o bastante."

sábado, 29 de agosto de 2009

Reflexos e reflexões



Sempre quis ter um blog. Lembro dos tempos de flogão em que além de postar fotos de uma escassa criatividade, dividia com algumas dezenas de pessoas um pouco dos meus pensamentos - sem grande significância, admito - mas fazia isso com tal facilidade que hoje sinto saudades. Ao lado desse desejo quase inconsciente de expressar sentimentos, no entanto, sempre houve muitos obstáculos que me desencorajavam.

Cultivar um blog exige tempo e, sobretudo inspiração. Sou a rainha da preguiça e inspiração tem sido algo raríssimo em minha atual rotina. E ainda existia um problema mais grave: não sei bem como ou quando, mas foi tornando-se cada vez mais difícil para mim expressar expressar meus sentimentos/ideias pra quem quer que fosse. Fazia-o razoavelmente bem ainda, em segredo, se possível trancada em meu quarto. Mas na maioria das vezes saíam apenas quatro ou cinco linhas que uma vez escritas eram jogadas numa caixinha que até hoje possuo, junto com outras lembranças de um passado próximo.

Eram borboletas aprisionadas em um frasco, no qual só eu poderia contemplar. Esta está com a asa quebrada, esta desequilibrada, a esta falta graça, a esta um pouco de cor, esta é linda e voa com perfeição. Eram minhas. Eram todas minhas. Não seria justo dividi-las com alguém. Expô-las a juízos de valor... Pra quê? Só dentro da minha mente - ou da minha caixinha - elas estariam seguras.

No entanto, o fator tempo mais uma vez foi me mostrando aos poucos o quão idiota isso parecia, e assim fui ponderando novamente a ideia de ter um blog.
E cá estou eu. Driblando preguiça, falta de inspiração, medo, vergonha... a fim de registrar aqui os meus textos repletos de incoerências e erros gramaticais.
Isto só porque creio muito no poder que a reflexão exerce sobre os indivíduos, sabe? Acredito de verdade que refletir pode ser uma fonte de transformação, operando grandes mudanças internas, e porque não, externas. Então reuni hoje toda minha coragem e decidi dar vida de uma vez por todas a essa célula revolucionária chamada... blog. (haha)

E resolvi começar assim, explicando-me e confundindo-me simultaneamente, só porquê isso já faz parte da minha essência e também pra que ninguém espere nenhum pensamento ordenado e que tenha algum sentido por aqui. Trechos de músicas estarão sempre presentes, e por muitas vezes camuflados entre as linhas de minhas próprias meditações. Vale acrescentar, contudo, que não pretendo escrever sobre grandes temas. Desde já, reservo-me o direito à subjetividade.


p.s.: Conseguir escrever esse texto já é uma vitória.


p.s2: Ele já estava pronto desde 11 de julho de 2009, mas mudei quase a metade dele hoje, o que me deixou feliz por saber que não sou a mesma pessoa que era no dia 11 de julho de 2009.

ps.3: Realmente foi em julho, mas não me lembro o dia. O 11 foi invenção.